terça-feira, 18 de outubro de 2011

Dislexia

Depois de 10 anos fazendo jornalismo, ou o que creio seja jornalismo, me pego tentando ser um artista. Adoro as artes, mas hoje parei para pensar e percebi que não sou um artista. Posso ser bom para fazer fotos e escrever, mas são coisas do cotidiano de uma redação e não da arte. Conheço vários artistas e os admiro muito. Queria ser como eles. Alguns até me convencem de que sou um artista, um ator para ser mais específico. Mas seria mesmo eu digno de me chamar artista?

Não tenho o dom da palavra, não sei separar arte do que não é arte, como vejo meus amigos artistas fazendo. Para mim tudo o que eles dizem sobre ser ou não ser arte me soa estranho. Admirável, mas estranho. Para mim a arte independe da poética. Às vezes a poética está mais presente nos olhos de quem vê do que nos olhos de quem a produz. No palco sou um ator, mas não como os artistas que conheço. Não sou um ator que representa bem o seu papel no palco, sinto-me como alguém que finge bem ser um ator que representa o seu papel no palco. Quando me digo artista, nada mais faço do que vestir essa máscara para fingir ser o que digo.

Talvez nem jornalista eu seja. O que explicaria porque tenho um gosto tão diferente de meus pares. Destoo deles quando o assunto é jornalista A ou B. Opiniões classificadas de “mente aberta” não me atraem, muitas vezes. Não leio os mesmos livros, não produzo os mesmos textos, sequer as mesmas reportagens me seduzem. Não tenho criatividade ou coragem para buscar determinadas informações sobre assuntos, muitos deles polêmicos.

Sou mais um metido, que gosta de falar mal dos outros e de si mesmo. Uma pessoa grosseira, com quem é difícil conviver sem levar uma patada ou outra. Já tive alguém especial que me alertou sobre isso antes de ir embora. Eu não a ouvi. Tampouco sou um líder a quem as pessoas podem, ou mesmo queiram seguir e se espelhar. Engraçado como, mesmo cercado de pessoas queridas, eu continue a me sentir sozinho. Mesmo agora, pouco antes do fim, meus maiores companheiros são um computador e… nada. O vazio simplesmente.

De que adianta continuar? Iniciei essa peregrinação com o motivo de ajudar os amigos. Talvez tenha sido a única tarefa cumprida com êxito. Ajudar os amigos. Quando precisam de mim, seja para o que for, podem contar comigo. Mas eu não consigo contar com eles. Não que eles não mereçam confiança. Ao contrário, merecem toda confiança do mundo, mas o problema é comigo. Desde aquele fatídico 2009, não consegui mais me fiar a ninguém, mesmo a quem considero irmãos. Também não desejo incomodá-los com coisas ínfimas perto dos problemas deles. São questões tolas e sem importância alguma, exceto para mim. E se têm importância apenas para mim, os outros não precisam cansar os tímpanos com elas.

O que sei apenas é fantasiar e ser um covarde. Alguém que tem um medo irracional da rejeição. Sinto-me mal até quando discordo dos meus amigos mais chegados em questões pequenas. Por isso também sou sozinho quando o assunto é sentimental amoroso. Não há coisa mais bela do que se apaixonar e achar a pessoa certa, vejo isso nos amigos. Mas ao mesmo tempo que os vejo se casarem, terem filhos, se amarem, viverem… percebo a solidão cada vez mais presente. Eu cansei. Não tenho mais forças para lutar. Mas me falta coragem para encerrar. Resta apenas trancar tudo novamente na caixa de pedra vazia que levo comigo e voltar ao corpo zumbi que apodrece com o passar do tempo.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Pela derrubada do veto

Ontem conversei por telefone com o deputado estadual Sílvio Dreveck (PP). Como ele estava no trânsito, quem atendeu ao celular foi o assessor, mas repassou a pergunta ao deputado e sim, Dreveck está do lado dos jornalistas na empreitada pela exigência do diploma para ocupar cargos na área de comunicação na administração estadual direta e indireta. Se depender do deputado de São Bento do Sul, o veto do governador Raimundo Colombo vai para as cucuias já já. Segue abaixo reportagem da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) sobre a análise do veto, a qual será feita amanhã (22) pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina deverá se posicionar nesta terça-feira, 22 de março, sobre o veto do governador Raimundo Colombo (DEM/SC) ao Projeto de Lei Complementar 63/2010, aprovado no ano passado, prevendo a exigência de diploma de jornalismo para a ocupação de cargos na área de comunicação na administração direta e indireta. Para reforçar a mobilização do Sindicato dos Jornalistas catarinenses, a FENAJ encaminhou documento aos parlamentares com decisões judiciais apontando que a exigência de tal requisito em concursos públicos não é inconstitucional.

No final do ano passado o PLC 63/2010, de autoria do deputado Kennedy Nunes (PP/SC), foi aprovado por unanimidade pelo Legislativo Catarinense. O governador, no entanto, vetou o projeto sob o argumento de inconstitucionalidade porque ele se conflita com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em 2009, derrubou a exigência do diploma em Jornalismo como requisito para o exercício da profissão.

Em seguida o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina iniciou contatos com diversos parlamentares pela derrubada do veto, que já entrou duas vezes na pauta de votação da Assembleia Legislativa e foi retirado pelo líder da bancada governista, Elizeu Matos. Nos cômputos do Sindicato catarinense 29 parlamentares já se posicionaram favoráveis ao projeto. Para a derrubada do veto governamental é necessário o voto favorável da maioria absoluta, ou seja, 21 dos 40 parlamentares.

“Nossa expectativa é de que, a exemplo do que ocorreu no Rio Grande do Sul, os deputados catarinenses tenham bom senso e derrubem o veto governamental, valorizando o diploma como elemento fundamental na qualificação profissional dos jornalistas”, diz o presidente da FENAJ, Celso Schröder. A FENAJ, que já havia se colocado à disposição do autor do projeto para fortalecer a movimentação em torno de sua aprovação, encaminhou documento aos 40 parlamentares catarinenses em favor da derrubada do veto. O documento arrola decisões judiciais que confirmam que não existe qualquer inconstitucionalidade no poder dos órgãos públicos instituírem a qualificação que considerarem necessária para o provimento de cargos ou contratação de jornalistas.

Projeto semelhante tramita no Legislativo do TocantinsNo dia 3 de março a deputada estadual e jornalista Solange Dualibe (PT-TO) apresentou um Projeto de Lei que exige graduação em Jornalismo para o provimento de cargos de comunicação social da administração pública direta e indireta do estado do Tocantins.

A deputada encaminhou, também, um requerimento que estabelece piso salarial para os assessores de imprensa da Assembleia Legislativa tocantinense.